Também conhecido como
manqueira, mal do ano ou quarto inchado, o carbúnculo acontece pela ação das 5
toxinas produzidas pelo Clostridium chauvoei, as toxinas alfa, beta, gama, delta e a neuraminidase, sendo que a toxina alfa
é a que mais causa danos no organismo animal. A taxa de letalidade dessa
enfermidade chega próxima de 100%, sendo considerada uma doença grave.
O carbúnculo sintomático
acomete uma variedade de animais, mas é mais importante para os bovinos,
caprinos e ovinos. Os suínos raramente são afetados e os equinos são
considerados resistentes.
A faixa etária de bovinos
mais acometida é entre 6 meses a 2 anos de idade, sendo animais que estão no
mais alto patamar nutricional, justamente porque têm uma alta intensidade de
crescimento e possuem grandes massas musculares, que são os tecidos pelos quais
o Clostridium chauvoei tem predileção.
A doença atinge
principalmente os membros posteriores e outros músculos esqueléticos, sendo
essa a forma clássica. Já a forma visceral, com o carbúnculo atingindo órgãos,
como por exemplo, o coração, é rara.
O Clostridium chauvoei está
presente normalmente no ambiente, e embora a patogenia ainda seja incerta,
acredita-se que a infecção ocorre quando os esporos são ingeridos durante o
pastejo e permanecem em latência, ficando “adormecidos“ na musculatura, na
forma de esporos.
Quando ocorre algum
traumatismo no corpo do animal, como por exemplo, quedas, coices e traumas no
tronco de contenção, o músculo é lesionado, criando um ambiente de anaerobiose,
o que é ideal para a germinação dos esporos e a produção de toxinas do
clostrídio. Neste momento, as toxinas desencadeiam uma necrose no local e o
primeiro sinal clínico é a manqueira, ou seja, o animal começa a claudicar, apresentando
um inchaço na parte superior do membro. Outros sinais como apatia, anorexia, diminuição dos movimentos do rúmen e hipertermia também podem ocorrer.
No início da doença, o
inchaço do músculo é quente e doloroso à palpação. Depois, conforme o quadro
avança, o músculo se torna frio e indolor pela falta de circulação no local. Durante
a palpação, também é possível notar que há um edema e crepitação subcutânea, causada
pelo gás que o clostrídio libera no tecido. A sensação durante a palpação é de que
há bolhas no tecido subcutâneo.
A doença evolui de forma
muito rápida, e em praticamente 100% dos casos, os animais vêm à óbito de 12 a
96 horas depois dos primeiros sinais clínicos, por causa da toxemia, embora,
alguns animais também possam vir à óbito sem que nenhum sinal seja observado. Os
bovinos encontrados mortos, na maioria das vezes, estão deitados de lado com o
membro afetado inchado e estirado.
O timpanismo e a putrefação
ocorrem rapidamente e pode ser observada uma secreção com sangue saindo pelas
narinas e pelos órgãos genitais do animal, após sua morte. Durante a necropsia,
podem ser observadas hemorragias no pulmão e uma leve congestão no fígado, fluido
com sangue nas cavidades pleural e peritoneal e o tecido muscular afetado com
aspecto esponjoso, em decorrência da excessiva produção de gás, com coloração
vermelho-enegrecida e odor rançoso.
O tratamento do Carbúnculo
Sintomático pode ser feito com altas dosagens de antibióticos e fluidoterapia
como suporte, mas raramente os animais conseguem se recuperar e quase todos vêm
à óbito. Por isso, a prevenção utilizando a vacina é importantíssima
ao falarmos de clostrídios.