O presente glossário foi extraído, com autorização do
autor David Pereira Neves, do livro:
Parasitologia Dinâmica. Editora Atheneu, São Paulo, 2006. Capítulo 61,
p. 465-468.
Também sugerimos a consulta do “Dicionário de Termos Técnicos de Medicina e
Saúde”, de Luís Rey, Editora Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2003 [950
p.]
Abióticos:
são
os componentes físicos e químicos do meio.
Agente etiológico: é o agente
causador ou responsável por uma doença.
Pode ser vírus, bactéria, fungo, protozoário ou helminto. É sinônimo de “patógeno”.
Agente infeccioso: é o microorganismo (vírus,
bactérias, fungos, protozoários, helmintos) capaz de produzir
infecção ou doença
infecciosa.
Antropofílico: artrópode que prefere se alimentar em humanos.
Antroponose: doença exclusiva de humanos.
Ex.: a necatorose.
Biocenose: é a comunidade ou conjunto de espécies e suas populações, vivendo em
determinado ambiente (biótopo), mantendo certa interdependência entre elas.
Bióticos:
são
os componentes vivos do meio ambiente.
Biótopo: local com certas características físicas e químicas, onde vive uma espécie; é o
mesmo que “ecótopo”.
Cisto: é a forma de resistência de certos protozoários, nos quais se encontra
uma película ou cápsula
protetora, envolvendo uma forma capaz de reproduzir-se quando encontrar o
ambiente adequado.
Contaminação:
é a presença de um agente
infeccioso na superfície do corpo, roupas, brinquedos, água, leite ou alimentos.
Doença metaxênica: quando parte do ciclo vital de um parasito
se realiza no vetor, isto é, o
vetor não só transporta o agente etiológico, mas é um elemento obrigatório para
sua maturação ou multiplicação.
Ex.:
malária, esquistossomose.
Ecologia: parte da biologia que se ocupa das inter-relações entre os seres vivos e seu
ambiente (biótico e abiótico).
Ecótono:
é
uma região da transição entre dois ecossistemas.
Ecótopo: é o abrigo
físico do animal.
Como exemplo, podemos
dizer que, dentro
da cafua, os triatomíneos
vivem nas frestas das paredes; dentro organismo humano o Ascaris vive dentro do intestino
delgado.
Endemia: é a prevalência usual de determinada doença, com relação
a uma área, cidade, estado
ou país. Representa o número esperado de casos
em uma população, em determinando
período de tempo.
Epidemia: é a ocorrência muito
elevada de determinada doença, com relação
a uma área, cidade ou país. Representa o número muito acima do
esperado de casos em uma população, em determinado período de tempo.
Epidemiologia: é o estudo da distribuição
e dos fatores determinantes da freqüência de uma doença; a epidemiologia trata
de dois aspectos fundamentais: a distribuição (idade, raça, sexo,
geografia) e os fatores determinantes da freqüência (tipo de patógeno,
meio de transmissão, etc.); em
resumo: estuda os fatores responsáveis pela existência ou aparecimento de uma doença
ou outro evento
(acidentes, vendavais, etc.).
Enzoose: doença exclusiva de animais.
Ex.: a peste suína, o Dioctophime renale, que parasita de lobo e cão.
Estádio: é fase intermediária ou intervalo entre
duas mudas da larva de um artrópode ou helminto (em entomologia é sinônimo de instar).
Ex.: larva de primeiro
estádio, larva de terceiro estádio.
Estágio: é a fase de transição ou forma evolutiva
de um organismo durante
seu ciclo biológico.
Ex.: estágio de ovo,
estágio de larva, de pupa, de adulto.
Fase aguda: é a fase da doença que
surge após a infecção onde os sintomas clínicos são mais nítidos (febre alta,
parasitemia elevada, etc.). É um período de definição: o paciente se cura,
passa para a fase crônica
ou morre.
Fase crônica: é a fase que se segue
à fase aguda, na qual o paciente
apresenta sintomas clínicos
mais discretos, havendo um certo equilíbrio entre os hospedeiros e o agente
etiológico e, usualmente, a resposta
imunológica é bem elevada.
Foco
natural: é o ambiente adequado para uma espécie sobreviver e propagar.
Ex.: o Culex quinqefasciatus tem
como foco natural
coleções de água parada, rica em
matéria orgânica e próxima de habitações humanas.
Fômite: é representado por utensílios que podem veicular
o agente etiológico entre diferentes hospedeiros.
Ex.: roupas, seringas,
espéculos, etc.
Fonte de infecção:
é o objeto, o paciente
ou local de onde o agente etiológico passa para novo hospedeiro ou novo paciente.
Ex.: água contaminada / febre tifóide,
mosquito infectate / dengue, carne com
cisticercose / teníase, etc.
Hábitat:
é
o ecossistema local ou órgão onde determinada espécie ou população vive.
Ex.: o hábitat do Necator
americanus é o duodeno humano.
Hospedeiro: é o organismo que alberga o parasito.
Hospedeiro definitivo: é o que apresenta o parasito em sua fase de maturidade ou em fase de reprodução sexuada.
Ex.: o hospedeiro definitivo do Plasmodium
é o Anopheles; os
hospedeiros definitivos do S. mansoni
são os humanos.
Hospedeiro intermediário: é aquele que apresenta o parasito em sua fase larvária
ou assexuada. Ex.: o caramujo é o hospedeiro intermediário do S. mansoni.
Hospedeiro paratênico ou de transporte: é o hospedeiro intermediário no qual o parasito
não sofre desenvolvimento ou reprodução, mas permanece viável até atingir novo
hospedeiro definitivo.
Ex.: peixes maiores,
que ingerem peixes
menores contendo larvas
plerocercóides de Diphyllobotrium,que simplesmente transportam essas larvas
até que os humanos as ingiram
(os humanos preferem comer crus os peixes
maiores...).
Incidência: é a freqüência com que uma
doença ou fato ocorre num período de
tempo definido e com relação à população (casos
novos, apenas). No mês de dezembro, na cidade
de natal, a incidência de gripe foi de 12%. (Ver Prevalência).
Infecção: penetração e desenvolvimento
ou multiplicação de um agente etiológico no organismo humano ou animal, podendo
ser vírus, bactéria, protozoário, helminto, etc.
Infecção inaparente: presença
do agente etiológico em um hospedeiro, sem aparecimento de qualquer sintoma clínico.
Infestação: é o alojamento, desenvolvimento e reprodução de artrópodes na superfície do corpo, nas vestes ou na moradia
de humanos ou de animais.
Letalidade: expressa o número de óbitos com relação a determinada doença
ou fato, tendo como referência uma população.
Ex.: 100% das pessoas
não-vacinadas, quando atingidas
pelo vírus rábico,
morrem; a letalidade na gripe é muito baixa.
Morbidade: expressa o número de pessoas doentes
com relação a uma doença
e uma população.
Ex.: na época do inverno, a morbidade da gripe é muito elevada; ou seja, na época
do inverno a incidência da gripe é muito grande.
Nicho ecológico: é a atividade ou função dentro de seu ecótopo ou
hábitat.
Ex.: no intestino delgado
humano, o Ascaris realiza suas atividades alimentares e reprodutivas.
Parasitemia: representa o número de parasitos que estão presentes na corrente sanguínea de um paciente.
Ex.: na fase aguda da doença de Chagas,
usualmente, a parasitemia é muito elevada.
Parasitismo: é a associação entre seres
vivos onde existe unilateralmente de benefícios, sendo um dos associados (o de
maior porte ou hospedeiro) prejudicado pela associação.
Parasito: é o ser vivo de menor
porte que vive associado a outro ser vivo de maior
porte, à custa ou na dependência deste. Pode ser:
§
Ectoparasito: vive extremamente no corpo do hospedeiro.
§ Endoparasito: vive dentro do corpo do hospedeiro.
§ Hiperparasito: que parasita outro parasito:
Ex.: E.Histolytica sendo parasitada por fungos (Sphoerita endógena) ou por cocobacilos.
Parasito acidental: é o que exerce
o papel de parasito, porém habitualmente possui
vida não-parasitária.
Ex.: larvas
de moscas que vivem em frutos ou vegetais em decomposição e acidentalmente atingem humanos.
Parasito errático: é o que vive fora do seu hábitat ou de seu hospedeiro normal. Parasito estenoxênico: é o que parasita espécie
de vertebrados muito
próximas. Parasito eurixeno: é o que parasita espécie
de vertebrados muito
distinta.
Parasito facultativo: é o que pode viver
parasitando um hospedeiro ou não, isto é, pode ter hábitos de vida livre
ou parasitária.
Ex.: as larvas de moscas Sarcophagiae podem
provocar miíases humanas, desenvolver-se em cadáveres ou ainda fezes.
Parasito heterogenético: é o que apresenta alternância de gerações.
Ex.: Plasmodium, com ciclo assexuado em humanos e sexuado em mosquitos.
Parasito heteroxênico: é o que possui hospedeiro definitivo e
intermediário.
Parasito monoxênico: é o que possui apenas o hospedeiro definitivo.
Ex.: Enterobius
vermiularis, A. lumbricoides.
Parasito monogenético: é o que não apresenta
alternância de gerações, isto é, possui um só tipo de reprodução - sexuada.
Ex.: E.histolytica, A.duodenale.
Parasito obrigatório: é aquele incapaz de viver fora do hospedeiro.
Ex.: T.gondii,
Plassmodium.
Parasito oportunista: é aquele que usualmente vive no paciente
sem provocar nenhum dano
(infecção inaparente), mas em determinados
momentos se aproveita da baixa resistência do paciente
de desenvolve doenças
graves.
Parasito periódico: é o que freqüenta o hospedeiro intervaladamente.
Ex.: mosquitos, barbeiros.
Parasitóide: é a forma imatura (larva)
de um inseto que ataca outros artrópodes maiores, quase sempre provocando a morte desses.
Ex.: o micro-himenóptero Telenomous fariai atacando ovos de
barbeiros.
Partenogênese:
desenvolvimento de um ovo sem a participação de um espermatozóide.
Patogenia ou patogênese: é o mecanismo com o agente
etiológico que provoca
lesões no hospedeiro.
Patogenicidade: é a maior ou
menor habilidade de um agente etiológico provocar lesões.
Patognomônico: sinal ou sintoma característico de determinada doença.
Ex.: sinal de Romaña é
típico da doença de Chagas.
Pedogênese: é a reprodução
ou multiplicação de uma forma larvária.
Ex.: formação de
esporocistos secundários e rédias a partir do esporocisto primário.
Período de incubação: é o período
decorrente entre a penetração do agente etiológico e o
aparecimento dos primeiros
sintomas clínicos.
Período pré-patente: é o período
que decorre entre a penetração do agente etiológico e o
aparecimento das primeiras formas detectáveis do agente etiológico.
Poluição: é a presença
de substâncias nocivas,
especialmente químicas, mas não
infectantes, contaminando o ambiente: ar, água, alimentos, etc.
Portador: hospedeiro infectado
que alberga o agente etiológico, sem manifestar sintomas, porém capaz de transmiti-lo a
outrem; nesse caso é conhecido como “portador assintomático”; quando ocorre
doença e o portador pode contaminar
outros hospedeiros, temos o “portador em incubação”, “portador convalescente”, “portador crônico”, etc.
Premunição ou imunidade
concomitante: é um tipo especial
de estado imunitário ligado à necessidade
da presença do agente etiológico, com a manutenção de taxas elevadas da
resposta imune. Normalmente durante o estado da premunição há certa dificuldade
do paciente em se reinfectar,
havendo um equilíbrio ente o parasito e o hospedeiro. Ocorre na
fase crônica de várias doenças.
Prevalência: termo geral
utilizado para caracterizar o número total
de casos de uma doença ou qualquer outra ocorrência numa
população e tempo definidos (casos antigos somados aos casos novos).
Ex.: no Brasil, (população estimada em 120 milhões
de pessoas), a prevalência da esquistossomose foi de 8 milhões de pacientes em 1975.
Profilaxia: é o conjunto de medidas que visa a prevenção, erradicação ou controle de uma
doença ou de um fato prejudicial aos seres vivos;
as medidas profiláticas sempre dependem
dos fatores epidemiológicos.
Reservatório: é qualquer local, vegetal,
animal ou humano onde vive e
multiplica-se um agente etiológico e do qual é capaz de atingir
outros hospedeiros. Alguns
autores dizem que o reservatório vivo perfeito (animal
ou humano) é aquele que possui o
agente etiológico, mas não padece com sua presença; prefiro usar o termo reservatório, independentemente de apresentar ou não os sintomas.
Ex.:
os humanos são os reservatórios do S.
mansoni.
Sinantropia: é a habilidade de certos animais
silvestres (mamíferos, aves,
insetos) de freqüentar
habitações humanas; isto é, são capazes de circular entre os ambientes
silvestres, rural e urbano, muitas
vezes, veiculando patógenos.
Vetor: é um artrópode, molusco ou
veículo que transmite um parasito
entre dois hospedeiros.
Vetor
biológico: quando o agente etiológico se multiplica ou se desenvolve no vetor.
Vetor mecânico: quando
o parasito não se multiplica ou se desenvolve no vetor, esse simplesmente serve de transporte ao parasito.
Ex.: a T.
penetrans veiculando esporos de fungos.
Virulência: é a severidade e rapidez com que um agente etiológico provoca lesões no hospedeiro.
Zoonoses: doenças que são naturalmente transmitidas entre humanos
e animais vertebrados podendo
dividir-se em:
§ Anfixenose: doença que circula
indiferentemente entre humanos
e animais, isto é,
tanto os animais como os humanos funcionam como hospedeiros do agente.
§ Antropozoonose: doença
primária de animais
e que pode ser transmitida aos humanos. Ex.: brucelose, onde os humanos
são infectados acidentalmente.
§
Zooantroponose: doença primária de humanos e que pode ser transmitida aos animais. Ex.: no Brasil
a esquistossomose mansoni
tem os humanos como principais
hospedeiros e alguns animais se infectam a partir de nós.
Zoofílico:
artrópode
que prefere se alimentar sobre animais.