FALHAS VACINAIS EM SUÍNOS

O que pode causar falhas vacinais em suínos?


As vacinas têm melhorado o controle de diversas doenças e como resultado, têm reduzido enormemente doenças e mortalidades. Embora a vacinação tenha um excelente registro de segurança, nenhum procedimento é completamente inócuo. Efeitos colaterais da vacina são uma preocupação particular.

A resposta imune após a vacinação depende essencialmente de três grandes fatores: suíno, vacina e vacinação. Abaixo estão relacionadas as razões mais comuns de falhas vacinais:

1- Armazenamento inadequado das vacinas: As vacinas devem ser conservadas entre 2 a 8° C. as líquidas não podem ser congeladas, nem conservadas acima de 8°C. O congelamento da vacina pode afetar a estabilidade em relação a adsorção dos antígenos, podendo provocar reações indesejáveis e consequentes perdas na eficácia das mesmas.

2- Vacinas vencidas ou falta de vacinas: Fazer uma programação correta (mensal), para não faltar nem sobrar vacinas. Para tal, é necessário fazer o cálculo mensal do número de doses a serem utilizadas conforme o programa sanitário proposto.

3- Dose utilizada: em muitas granjas, pode-se observar o uso extra bula, normalmente reduzindo a dose recomendada pelo fabricante. É de suma importância seguir a dose recomendada para garantir os resultados de eficácia a campo.

4- Agulhas de tamanho e calibre inadequados e ângulos de aplicações incorretos: Cuidado adicional com este item deve ser tomado, evitando a aplicação do produto no tecido gorduroso, levando a perda de eficácia ou reações locais comuns.

5- Vacinas erradas: A falta de diagnóstico correto pode levar a vacinação contra doenças que não são responsáveis pelo problema em curso.

6- Suínos doentes: Os suínos doentes, ou subnutridos poderão apresentar uma pobre resposta imune.

7- Vacinação no surto de uma doença septicêmica (Erisipela, PSC): Sem cuidados especiais, ela pode disseminar pela agulha o agente, provocando problemas mais graves.

8- Falta de assepsia: A utilização de seringas, vacinadores, agulhas e frascos contaminados ou locais muito sujos de aplicação poderão provocar reações locais graves (abscessos) ou mesmo reações sistêmicas.

9- Pressão de infecção alta: A taxa de imunidade pode não ser suficiente para superar a infecção. Por exemplo, a vacinação contra E. coli pode não proteger leitões contra diarreia em ambiente frio, umidade alta e muito sujo. O balanço imunidade-doença deve sempre ser considerado, objetivando uma predominância da primeira sobre a segunda.

10- Esquema incorreto de vacinação: A não vacinação das porcas no final da gestação geralmente não protege os leitões via colostro. Por outro lado, a vacinação de leitões com imunidade passiva colostral pode comprometer a resposta imune ativa. O conhecimento da duração da imunidade passiva colostral é fundamental para se estabelecer um programa adequado de vacinação.

11- Tratamentos concorrentes: Não é recomendada a aplicação de vacina bacteriana viva em animais recebendo antibiótico, assim como não se deve misturar duas vacinas ou uma vacina com um antibiótico no momento da aplicação.

12- Vacinação de animais em período de incubação da doença para a qual se deseja vacinar ou tempo insuficiente para a resposta imune ocorrer.

13- Vacinas com composição antigênica ou concentrações inadequadas: O sorotipo presente na vacina pode ser diferente do prevalente no rebanho.


14- Duração da resposta imune: A duração da resposta imune depende do antígeno, tipo de vacina e adjuvante utilizado. De forma geral, vacinas inativadas para suínos protegerem aproximadamente por 120 a 150 dias, desde que aplicadas em conformidade com o rótulo bula. 

15- Vacinação no dia do desmame: Várias observações de campo têm demonstrado a interferência do desmame (devido ao estresse) na resposta imune. De forma geral, a tendência atual é vacinar a leitegada alguns dias antes do desmame para a obtenção de uma melhor resposta imune.

pork, swine, vaccine, piglet16- Peso X reações pós-vacinais: Tem sido observado que quanto menor o peso dos animais e menor a idade, maior a chance de reações pós-vacinais, devendo o estado dos leitões ser observado cuidadosamente, nas primeiras 24 a 48 horas após a vacinação. Idealmente, os animais devem se recuperar da vacinação algumas horas após o uso da vacina.

17- Choque endotóxico: Endotoxinas (lipopolissacarideos) são constituintes da parede celular de bactérias gram negativas. Vacinas que possuem altos níveis de endotoxinas livres podem causar aumento de reações adversas, como febre, taquipneia, vômito perda do apetite, mudanças na hemodinâmica. Animais mais jovens (entre 10 e 40 Kg) são mais sensíveis, porém existem variações individuais.

18- Interferência de anticorpos maternos na resposta imune: Para a maioria das doenças de suínos, a imunidade dura até aproximadamente oito semanas, portanto é importante, dependendo da doença, evitar vacinar na fase onde existem altos títulos maternos, para evitar a interferência na resposta imune. 

Bibliografia consultada:
TIZARD, IR. Imunologia Veterinária, 9.ed. 2014.
SOBESTIANSKY, JURIJ. Doenças dos suínos / editores, Juriji Sobestiansky, David Barcellos – Goiânia: Cânone Editorial, 2007.

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