O sangue e seus derivados devem ser administrados
através de um sistema de filtro, para reduzir a infusão de microagregados de
plaquetas, leucócitos, gorduras e êmbolos. Ele deve ser aquecido a 37º C
aproximadamente meia hora antes da transfusão, para evitar hipotermia. O calor
excessivo deve ser evitado, para não ocorrer hemólise e precipitação do
fibrinogênio e outras proteínas. Após o aquecimento, o sangue não deve retornar
à refrigeração, devido à possibilidade de proliferação bacteriana.
A administração deve ser feita através das veias
cefálicas ou jugular. Nos animais recém-nascidos pode ser feita a infusão
através da cavidade medular do fêmur ou úmero, a qual permite que 95% das
células penetrem na circulação em 5 minutos. A administração intra-peritoneal é
uma via que pode ser usada em cães e gatos jovens, quando a punção da veia é
difícil ou impossível, mas a absorção das células é baixa (aproximadamente 50%
com 24 horas e 70% com 48 a 72 horas).
O volume de sangue a ser transfundido pode ser calculado da seguinte
maneira:
Volume de sangue (ml) = Peso do receptor x
aumento desejado de hemoglobina x 70
Hemoglobina do doador
Uma outra alternativa é considerar que a infusão de
1 a 2 ml de sangue/kg de peso eleva o hematócrito em 1%, quando o hematócrito
do doador for de 40% ou mais.
Quando se utiliza papa de hemácias, deve ser
administrado a metade do volume, pois o hematócrito da papa está entre 70 a
80%.
O volume de plasma sugerido é de 6 a 10 ml/kg de
peso nas hipoproteinemias. Na reposição dos fatores de coagulação, usa-se 6 a
10 ml/kg de peso, 2 a 3 vezes ao dia, durante 3 a 5 dias, numa velocidade que
não ultrapasse a 6 ml/minuto. O crioprecipitado deve ser administrado na dose
de 12 a 20 ml/kg de peso.
A velocidade na qual o sangue deve ser transfundido
depende da situação clínica. Nas hemorragias maciças agudas, a velocidade deve
ser relativamente alta, 22 ml/kg/hora. Em pacientes de pequeno porte ou com
insuficiência cardíaca, usa-se a dose de 4 ml/kg/hora. Exceto nestes casos,
aconselha-se uma velocidade inicial de 0,25 ml/kg durante 30 minutos, enquanto
o paciente é cuidadosamente monitorado para verificar a possibilidade de
reações transfusionais. Após este período, a velocidade pode aumentar para 4 a
5 ml/kg/hora. O tempo máximo de infusão deve ser de 4 horas, para evitar
crescimento bacteriano no caso de contaminação. As soluções cristalóides podem
ser administradas simultaneamente com sangue total, papa de hemácias ou plasma,
para auxiliar a correção da hipovolemia e restaurar o débito cardíaco. Somente
as soluções salinas ou soluções balanceadas sem cálcio devem ser administradas
através do mesmo catéter, devido à possibilidade de coagular o sangue; já as
soluções de dextrose podem causar auto-aglutinação, hemólise ou ambos.
BIBLIOGRAFIA : FUNDAMENTOS DE TERAPÊUTICA VETERINÁRIA
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