O botulismo em bovinos é uma doença de grande importância econômica e sanitária como causa de mortalidade de bovinos adultos no Brasil². Nesta espécie, a enfermidade está relacionada à contaminação ambiental pelos esporos do Clostridium botulinum tipos C e D e também ao manejo inadequado. A intoxicação dos animais ocorre pela ingestão da toxina pré-formada pelos esporos da bactéria. No Brasil, os surtos estão associados à deficiência de fósforo e à osteofagia, principalmente em animais criados extensivamente² ⁴ ⁶, também a alimentos contaminados e armazenados inadequadamente² ou ainda pela veiculação hídrica². O conhecimento das causas da enfermidade é de grande importância para indicar a necessidade de vacinação entre outras medidas de controle.
Embora a osteofagia seja a maior responsável por surtos de intoxicação em fêmeas na fase reprodutiva, todas as categorias podem ser acometidas quando os surtos estão associados à ingestão de alimentos e água contaminados ¹. Além disso, as características próprias do C. botulinum, ubiquitário do trato digestivo dos animais e do ambiente tornam a erradicação da doença algo impossível, fazendo com que a profilaxia seja a principal medida para o controle da enfermidade.
A vacinação dos animais de todo o rebanho, com toxoides bivalentes C e D de boa qualidade, aliada à correção da deficiência de fósforo e remoção das carcaças e/ou fontes de intoxicação das pastagens, são as principais medidas adotadas para se diminuir o risco da intoxicação ³. Em surtos naturais da doença, animais não vacinados de 6 a 24 meses de idade apresentam taxa de 96% de risco de intoxicação botulínica, e animais entre 2 e 6 meses 24%, provavelmente protegidos por anticorpos maternos ⁵.
Referências bibliográficas
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