Informações Gerais
Tipo de Conteúdo: Protocolo - Conduta ClínicaCategoria: Medicina Veterinária Intensiva
Emergencial: Sim
Espécies: Caninos, Felinos
Introdução à Doença / Importância:
A parada cardiorrespiratória em cães e gatos é um evento de ocorrência comum na rotina de pacientes críticos ou durante procedimentos anestésicos.A detecção precoce dos sinais que antecedem a PCR e conhecimento das manobras corretas podem aumentar a chance de sucesso da reanimação.
Confirmado o diagnóstico da parada cardiorrespiratória, deve-se melhorar o fluxo sanguíneo e restabelecer o batimento cardíaco, uma vez que o objetivo da (RCP) é prevenir a lesão cerebral irreversível, restaurar o funcionamento do coração, pulmões e corrigir hipóxia tecidual.
Diagnóstico Clínico:
Antes de uma parada cardiorrespiratória ocorrem diversas alterações como: hipotermia, bradicardia, hipotensão, pupilas dilatadas e não responsivas a luz, alterações na profundidade, na frequência e no ritmo respiratório, pulso fraco ou irregular e cianose.A coloração da mucosa e o tempo de preenchimento capilar não devem ser utilizados como parâmetros para diagnóstico de parada cardiorrespiratória, uma vez que estes podem estar normais mesmo depois de algum tempo de parada.
Diagnóstico por Exames:
Existe um grande número de equipamentos, cada vez mais eficientes que auxiliam na monitoração desses pacientes, dentre eles: eletrocardiografia, oximetria de pulso, capnografia, ventilometria e hemogasometria.
Tratamento Terapêutico:
Airway (A): Manutenção das vias aéreas
O objetivo do reanimador é estabelecer a viabilidade da via aérea, observando se a mesma não se encontra obstruída por corpo estranho, restos de alimentos, secreções. A necessidade da via aérea integra é no intuito de se ter uma boa oxigenação e para manter uma boa perfusão dos órgãos vitais, através de manobras contínuas.
Breathing (B): Suporte Respiratório
Estabelecida a via aérea, a ventilação deverá ser imediata, com um ambú com ar ambiente (21% de O2) ou com o aparelho de anestesia utilizando oxigênio a 100%. A taxa de ventilação preconizada para animais de até 10 kg é de 10 a 12 movimentos respiratórios por minuto, com o animal em decúbito lateral direito, para cães de grande porte o recomendado é uma frequência de 20 movimentos respiratórios por minuto.
Circulation (C): Circulação
O animal deve ser colocado sobre uma superfície lisa e firme, e decúbito lateral direito. Para animais entre 7 a 10 kg, devem-se colocar as mãos na direção do ápice do coração, e realizar as compressões. Os animais com peso abaixo de 7 kg, as compressões deve ser realizadas com as pontas dos dedos, colocando-se o dedo polegar em um dos lados da caixa torácica e os demais do outro lado. Já, para animais de porte médio a grande, as mãos são posicionadas no tórax e utiliza-se o peso do próprio corpo para fazer as compressões.
Recomenda-se 120 compressões por minuto, o tempo de compressão deve ser o mesmo do tempo de relaxamento, sem interrupções.
Desfibrillation (D): Desfibrilação
Na veterinária é recomendado desfibrilar quando o diagnóstico de fibrilação é confirmado através do eletrocardiograma. A RCP deve ser continua enquanto o desfibrilador é ajustado e carregado. O animal deverá ser posicionado em decúbito dorsal, a carga inicial para desfibrilação externa é de 2 a 5 J/kg até 10 J/kg para um desfibrilador monofásico. Para o bifásico a carga 2 a 4 J/kg.
Drugs (D): Drogas
Adrenalina: 0,1 mg/kg IV em bolus, ou 0,4 a 0,8 mg/kg pela via intratraqueal, diluída em 5 a 10 mL de água para injeção, a cada 3 a 5 minutos.
Vasopressina: 0,8 U/kg IV, está atua na musculatura lisa vascular.
Atropina: 0,04 mg/kg; se não houver o efeito desejado, a dose pode ser repetida a cada 3 a 5 minutos, no máximo por três vezes.
Amiodarona: 5 mg/kg, via intravenosa ou intraóssea, administrada em 10 minutos; metade da dose pode ser repetida em 3 a 5 minutos.
Lidocaína: 0,5 mg/kg por via intravenosa.
Fluido terapia: Em pacientes normovolêmicos, o volume recomendado de fluidos cristaloides, por via intravenosa, é de 20 mL/kg para cães e 10 mL/kg para gatos, administrados em forma de bolus no menor tempo possível.
Tratamento Cirúrgico:
A abertura do tórax e do pericárdio para que se permita a massagem cardíaca direta, quando a reanimação fechada não for eficiente ou não puder ser realizada. Sua eficácia pode ser mensurada pela geração de pulso femoral ou carotídeo, ou ainda pela ausculta de fluxo do Doppler.Complicações:
Barotrauma, Pneumotórax, Fraturas de Costela, Ruptura Traqueal, Hérnia Diafragmática e Efusão Pleural.Referências:
Nelson RW, Couto CG. Ressuscitação Cardiopulmonar. Medicina Interna de Pequenos Animais. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan. 2001. p.74-79.Rossi CN, Oliva VNLS, Matsubara LM, Serrano ACM. Ressuscitação cardiorrespiratória em cães e gatos – revisão. Portuguesa de Ciências Veterinárias. Revista 192. p.197-205. Disponível em: http://www.fmv.utl.pt/spcv/PDF/pdf12_2007/197-205.pdf