Informações Gerais
Tipo de Conteúdo: Protocolo - Conduta Clínica
Categoria: Reprodução animal
Emergencial: Sim
Espécies: Caninos
Introdução à Doença / Importância:
O Complexo hiperplasia endometrial cística-Piometra é uma doença aguda ou crônica, que afeta cadelas no diestro (metaestro), período em que os ovários secretam progesterona, com acúmulo de secreção purulenta/hemorrágica no útero. É mais frequente em cadelas idosas, mas pode ocorrer em cadelas jovens.
A principal bactéria envolvida é a E. coli. Dentre os fatores predisponentes têm-se os ciclos estrais sucessivos em cadelas idosas (repetidos estímulos uterinos pela progesterona), uso de anticoncepcionais (progestágenos, estrógenos), cistos foliculares e tumores ovarianos. Os principais sintomas são secreção vaginal purulenta (piometra aberta) ou não (piometra fechada), febre, inapetência, apatia, vômitos, diarréia, anorexia, desidratação, poliúria/polidipsia, podendo evoluir para choque e óbito.
O Complexo hiperplasia endometrial cística-Piometra é uma doença aguda ou crônica, que afeta cadelas no diestro (metaestro), período em que os ovários secretam progesterona, com acúmulo de secreção purulenta/hemorrágica no útero. É mais frequente em cadelas idosas, mas pode ocorrer em cadelas jovens. A principal bactéria envolvida é a E. coli.
Dentre os fatores predisponentes têm-se os ciclos estrais sucessivos em cadelas idosas (repetidos estímulos uterinos pela progesterona), uso de anticoncepcionais (progestágenos, estrógenos), cistos foliculares e tumores ovarianos. Os principais sintomas são secreção vaginal purulenta (piometra aberta) ou não (piometra fechada), febre, inapetência, apatia, vômitos, diarréia, anorexia, desidratação, poliúria/polidipsia, podendo evoluir para choque e óbito.
Diagnóstico Clínico:
Histórico de cio (estro) nos últimos 60 dias associado aos sintomas.
Diagnóstico por Exames:
A ultrassonografia abdominal é o exame complementar de escolha. Verifica-se conteúdo anecóico/hipoecóico no lúmen uterino, hiperplasia endometrial cística e espessamento de parede uterina. No hemograma pode haver leucocitose e anemia normocítica-normocrômica. Aumento de ureia e creatinina, hipoalbuminemia, hipergamaglobulinemia, baixa densidade urinária, proteinúria e acidose metabólica podem ser observados.
Tratamento Terapêutico:
Está indicado em duas situações:
1) Cadela sem condição anestésica/cirúrgica ao diagnóstico (desidratação severa, choque séptico, cardiopatia ou idade avançada):
- aglepristone: 10 mg/kg ou 0,33 mL/kg/SC/dia, 2 aplicações em dias consecutivos (abertura da cérvix e drenagem uterina 12-36h após aplicação).
- fluidoterapia (conforme função renal/desidratação) e antibioticoterapia de largo espectro (amoxicilina-ácido clavulânico 12,5-25 mg/kg/dia/SC,IM,IV ou cefazolina 22 mg/kg/cada 8h/IV ou IM ou enrofloxacina 5-10 mg/kg/dia/oral ou IV).
- Assim que o animal estabilizar, realizar OSH.
2) Cadela com finalidade reprodutiva (menos de 6 anos de idade, clinicamente e metabolicamente estável/sem toxemia, sem cisto ou tumor ovariano):
- aglepristone: 10 mg/kg ou 0,33 mL/kg/SC, dias 01, 02, 08 e 15 (se necessário dias 22 e 28) ou até ausência total de conteúdo uterino na ultrassonografia.
- PGF2α: aplicar após a abertura da cérvix (geralmente dias 2 ou 3) - cloprostenol (1 µg/kg/SC) ou dinoprost (100-250 µg/kg/SC). Aplicar 1-2 vezes/dia, por 5-7 dias, preferencialmente em jejum. Como efeitos colaterais pode-se observar vômito, sialorréia, dispnéia, taquicardia, hipotermia (até -2,0 °C) e diarréia na primeira hora após aplicação. Não usar em nefropatas, cardiopatas, hepatopatas ou cadelas braquicefálicas.
- antibioticoterapia de largo espectro por 15-30 dias, ou até cessar a drenagem da secreção vaginal. Iniciar com antibiótico de largo espectro (ver acima) e trocar após cultivo e antibiograma, se necessário.
- sulfato de atropina (0,025-0,044 mg/kg/SC), 15 minutos antes da PGF2α, para minimizar efeitos colaterais (opcional).
- avaliação clínica diária e ultrassonográfica duas vezes por semana. Monitorar as aplicações de PGF2α na clínica.
- no próximo proestro e estro realizar antibioticoterapia de largo espectro e acasalar a cadela.
- após o (s) novo(s) acasalamento (s) desejado (s), realizar OSH para evitar recidiva.
- caso a melhora não seja progressiva, realizar OSH.
Tratamento Cirúrgico:
A OSH é o tratamento de escolha para piometra, associada à antibioticoterapia e fluidoterapia, conforme função renal/desidratação.
Complicações:
É importante ser criterioso na seleção do animal a ser tratado clinicamente, já que relatos de ruptura uterina e peritonite foram descritos em cadelas com útero repleto de pus e parede delgada.
O prognóstico clínico é muito bom. O prognóstico reprodutivo (fertilidade) é melhor quanto mais nova for a cadela, e quanto menor o grau de hiperplasia endometrial cística. Em torno de 50-80% das cadelas ficam gestantes e parem após o tratamento clínico.
Pode ocorrer recidiva em aproximadamente 50% dos animais tratados.
Referências:
FIENI, F. Medical treatment of uterine disease in dogs. 16th EVSSAR Congress, Toulouse, France, p. 72-77, 2013.
FONTBONNE, A., LEVY, X., FONTAINE, E., GILSON, C. Guide pratique de reproduction clinique canine et feline. 1.ed. Med’Com:Paris, 272p., 2007.
ROS, L., HOLST, B.S., HAGMAN, R. A retrospective study of bitches with pyometra, medically treated with aglepristone. Theriogenology, 2014 Aug. pii: S0093-691X(14)00458-0. doi: Disponível em: 10.1016/j.theriogenology.2014.08.011. [Epub ahead of print], 2014.